Não há dúvidas que o celular foi uma das mais celebradas invenções da
humanidade. São inegáveis os benefícios que a
tecnologia nos trouxe, inclusive no auxílio aos pais quanto à localização dos
filhos. Porém, não se deve esquecer que o uso exagerado desse instrumento pode
ser um meio de fuga dos problemas, pode trazer mudanças na personalidade e uma dependência
emocional.
O problema em questão não está no uso, mas na falta de limites. Quando o
exagero está presente, o comportamento muda. Perde-se o contato com pessoas próximas e a felicidade na vida virtual é
maior que na realidade. A preocupação com as curtidas, compartilhamentos e
postagens de selfies podem acarretar desperdício
dos bons momentos da vida. Além disso, é preocupante quando a ausência do celular traz ansiedade e nervosismo.
Algumas ações devem ser observadas
e uma delas está na questão de “querer” mostrar que está feliz, ao invés de “ser”,
de fato, feliz. Muitas vezes, os jovens se sentem mal com a vida que levam e querem
mostrar uma realidade diferente da sua, pela qual irá receber curtidas e
comentários e faz deste fato, um sustento de felicidade, passando a gostar mais
da vida virtual, do que do fato de “viver a vida” de verdade.
Este comportamento pode desencadear
uma depressão, pois a vida virtual mascara aquilo que realmente sente em
relação aos acontecimentos que o cerca. Dessa forma, irão viver com mais de 1.000
amigos virtuais, mas ainda assim se sentirá sozinho e aí é que mora um grande
perigo.
Os pais precisam ficar alertas para
o quanto de liberdade dão aos filhos em relação ao uso do celular. Precisam ter
a consciência que frente ao mundo virtual, o comportamento dos filhos muda e principalmente
na faixa etária dos 11 aos 17 anos, fase em que é compreendida a adolescência,
é característico a importância que se dá à opinião do outro. Por mais que em
família ouça sobre o “certo ou errado”, ainda não estão prontos para decisões e
nesta constante busca em ser aceito, pode cometer graves deslizes. Dentre os
mais conhecidos estão o Cyberbulling
- as mensagens com imagens e comentários
depreciativos se alastram rapidamente, tornando o bullying algo muito perverso,
pois a vítima não entende de quem ela deve se defender; e o Sexting, que consiste em enviar fotos
íntimas via celular.
Diante de
tais comportamentos, apenas conversar com o adolescente sobre o uso e tempo
adequando do celular, pode não ser suficiente. Em alguns casos, eles burlam as regras
impostas pelos pais e ficam até tarde conversando pelo celular, às vezes depois
que os pais vão dormir. Outros acordam no meio da noite e vão para as redes
sociais, procurando companhias para não se sentirem sozinhos. Essa dependência
pode ser muito perigosa.
Cito aqui dois
fatores alarmantes: após uma certa hora da noite, nada haverá de saudável em um
mundo virtual e a questão das horas de sono, essencial para o desenvolvimento
cognitivo. O descanso se faz necessário frente as cobranças do dia seguinte e o
cansaço pode ainda produzir agressividade, falta de apetite, entre outros.
Estudos
realizados pela Universidade dos EUA comprovam que alunos que usam o celular de
forma excessiva, apresentam os mesmos sintomas daqueles que possuem déficit de atenção e hiperatividade.
Sendo assim, vale a pena os pais desenvolverem o senso crítico para definir uma
dinâmica familiar que funcione quanto ao uso do celular e que nela esteja sendo
cumprida aquilo que realmente esperam de seus filhos. Mostre o simples prazer
de viver a vida, sem máscaras e de fato seja feliz!
Autor: Fernanda
Vieira, orientadora do Ensino Fundamental II do Colégio Crescer